Por que as nações fracassam?


Max Weber tentou explicar esse fenômeno através da religião. Outros tentaram explicar através do clima, da geografia ou até mesmo pela cultura¹.
Os Autores Daron Acemoglu e James A. Robinson, no livro “Por que as Nações Fracassam” se contrapõem e argumentam que, na verdade, as instituições foram a principal causa do porquê nações conseguiram enriquecer, mas também foram determinantes para a perpetuação da pobreza.

As instituições podem ser extrativistas ou inclusivas.

As instituições econômicas extrativistas são as responsáveis por concentrar a riqueza na mão de uma pequena elite através da extorsão do restante da sociedade, criando monopólios, oligopólios, barreiras comerciais e desincentivando o investimento. Já as instituições políticas extrativistas têm como função restringir ou excluir a maioria de participar da política e de estruturar as instituições econômicas extrativistas.

Por outro lado, as instituições políticas inclusivas tem como objetivo permitir a participação de forma ampla no processo democrático, distribuindo o poder por toda sociedade. As instituições econômicas inclusivas fazem com que a sociedade possa escolher onde trabalhar, estudar, empreender ou investir, o que faz os salários aumentarem.

Existe uma relação positiva entre as instituições extrativistas políticas e econômicas, no sentido de que uma instituição depende da outra. Ou seja, elas se retroalimentam: As instituições políticas extrativistas dão a uma pequena elite o poder de criar ou fortalecer instituições econômicas com restrições. Além dessas instituições econômicas extrativistas enriquecerem, elas também enriquecem as mesmas elites que ajudaram isso acontecer, fazendo com que essa elite consolide seu domínio político.
De modo contrário, a relação entre instituições inclusivas, políticas e econômicas, é negativa. Como o poder das instituições políticas está diluído, fica mais difícil para grupos da elite criar instituições econômicas extrativistas. Já as instituições econômicas extrativistas não conseguem sobreviver sem uma elite criando benefícios e barreiras contra a competição que instituições econômicas inclusivas criam. Sem essas instituições econômicas extrativistas, a elite não consegue consolidar o seu poder.

Se para uma nação se desenvolver, seria necessário construir instituições inclusivas para promover a prosperidade, por que isso não seria o desejo de todo cidadão ou dos políticos?

Essa oposição ao crescimento econômico tem uma lógica coerente: porque o crescimento econômico cria vencedores e perdedores. O processo de enriquecimento acompanha consigo algo que o economista Joseph Schumpeter chamou de destruição criativa.
A destruição criativa é a troca do velho pelo novo, do obsoleto pelo eficaz, cria empresas e novas profissões em detrimento de outras. Na política, causaria uma diluição do poder político, dificultando ou impossibilitando a criação ou apoio de instituições econômicas que favorecessem seus próprios interesses. O medo que a destruição criativa, puxada pelo crescimento econômico – e incentivada pelas instituições inclusivas -, faz com que as elites as rejeitem.

Bibliografia

1 Montesquieu (1689-1755) em O Espírito das Leis, propôs que sociedades de clima tropical tendiam a ser preguiçosas. Como consequência, não se esforçavam e não eram inovadores; Max Weber (1864-1920) em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, afirmava que a ética protestante desempenhou um papel fundamental no surgimento da sociedade industrial moderna na Europa Ocidental; Jaffrey Sachs em The end of Poverty (2005) defende a teoria de que, doenças tropicais têm consequências muito graves para a saúde pública, afetando a mão de obra e os solos tropicais dificultam o desenvolvimento produtivo agrícola; Jared Diamond em Armas, Germes e Aço (1997) argumenta que a distribuição de diferentes espécies de plantas e animais acelerou a mudança da vida baseada em caça e coleta para uma baseada na agricultura, consequentemente, a agricultura se desenvolveu primeiro, criando uma densidade populacional que permitiu a especialização do trabalho, urbanização, comércio e desenvolvimento político.

Avatar de Adriano Dorta


Ultimas postagens:

Lula é um populista macroeconômico?

O populismo do Lula vai acabar com o Brasil, mas o que é populismo? E populismo macroeconômico? Esse artigo explica …

Livre para escolher

O livro Free to Choose foi publicado em 1979 e escrito por Milton e Rose Friedman em uma época em …

Quem protege o trabalhador?

Se não criarmos leis, quem protegerá o trabalhador? Os sindicatos e o governo realmente são benevolentes ? …

7 constatações econômicas que não se importam com o seu espectro político.

Forças econômicas não ligam para o seu sentimento ou desejo, elas simplesmente acontecem …

Por que o Liberalismo Fracassa?

O Brasil se tornou um país onde a população entrega sua escolha às figuras políticas. Além disso, espera muito dessa …