5 Mitos sobre o capitalismo

1 — Defender o Capitalismo é defender empresas

Esse é um dos mitos mais disseminados entre as pessoas anticapitalistas que eu já ouvi (e provavelmente você também). Mas a grande verdade é que — você que não é um empresário, assim como eu — defender o capitalismo, não é a mesma coisa que defender empresas. Quem diz que defender o capitalismo é defender o “MERCADO MALVADÃO”, acaba caindo no erro de não saber o que o mercado é.

O mercado é um processo de interação humana de troca voluntária de bens e serviços — que é feita sob condições, com um pagamento -, ou seja, se você é o CEO de uma empresa multibilionária, um empregado CLT, um microempreendedor, um mega investidor ou um consumidor, você faz parte do mercado.

Defender uma economia de mercado, é defender que os negócios devam competir fortemente uns com os outros, coisa que beneficia os consumidores. Para os negócios e as empresas, isso não é bom, justamente porque elas precisam trabalhar cada vez mais duro para vencer a concorrência.

Na verdade, o nosso objetivo como sociedade deveria ser assegurar que nossos congressistas não dessem às empresas condições especiais — restrições, proteções ou subsídios (dinheiro e redução de imposto) — que acabariam beneficiando e criando uma competição desfavorável, que não ajudariam os consumidores.

2 — O Capitalismo causou a crise de 2008

Provavelmente você conhece alguma expressão parecida com “o ultraliberalismo” ou “a desregulamentação” que causou a crise de 2008, não? Vamos ser honestos: alguém acha que tínhamos um capitalismo irrestrito ou selvagem antes de todo o problema imobiliário? A verdade é que a crise de 2008 foi causada por uma grande intervenção governamental que subsidiou e incentivou um investimento exagerado em moradias.

Além do FED (Federal Reserve System — Banco Central Americano) ter, por muito tempo, deixado o juro em 1%, o governo, por meio de suas agências reguladoras (Federal Deposit Insurance Corporation, Federal Reserve Board, Office of the Comptroller of the Currency) e a The Community Reinvestment Act (A Lei de Reinvestimento Comunitário), exerceu forte pressão em cima dos bancos para que fornecessem crédito imobiliário para classes mais baixas e com menores condições.

O setor privado respondeu a esses incentivos, não podendo ser absolvido completamente da culpa. Mas, em relação a quem causou o problema, foram as políticas intervencionistas e populistas que tomaram as rédeas, e não o setor privado ou o capitalismo sozinho.

Com isso, tiramos duas lições importantes: quanto mais o governo salva aqueles que tomam riscos excessivos, mais ele incentiva as pessoas a fazerem isso no futuro; e por fim, se tivéssemos que tirar uma conclusão, seria que, interferir no capitalismo gera crises e recessões.

3 — No Capitalismo, as pessoas precisam ficar pobres para que outras fiquem ricas

Além do conceito de exploração marxiana, o outro mito é o tal de “jogo de soma zero”, que consiste em dizer que você precisa fazer outra pessoa perder para poder ganhar, no estilo do jogo Monopoly.

Quem vai responder essa é você, leitor.

Imagine que você está desempregado e uma pessoa no seu bairro tem a ideia de abrir uma padaria perto de onde você mora. Então, você se candidata a uma das vagas e é contratado. Você estaria em uma situação pior que antes?

Vamos a outras perguntas, tendo em vista que o rico só fica rico às custas dos outros.

Se olharmos para a África, que tem 5x menos bilionários que os Estados Unidos da América, veremos que a vida nos países do continente é melhor, certo?

Se pesquisarmos a história da humanidade, no passado, as pessoas tinham melhor qualidade de vida conforme havia menos ricos, correto?

Quando o Mr. Beast, Felipe Neto, Ei Nerd ou o Whindersson Nunes fazem um vídeo que bomba no Youtube, eles estão deixando milhares de pessoas mais pobres, não é?

Se os capitalistas são tão malvados, nos EUA, aonde é o estômago da besta, por ter uma concentração imensa de ricos, o resto da sociedade é miserável, certo?

4 — O nazifascismo é o botão de emergência do Capitalismo

Usar esse jargão, mostra uma análise completamente enviesada e sem profundidade.

Hitler recebeu apoio financeiro de grandes empresas (a URSS também recebeu investimento privado de empresas como General Motors e Ford, e nem por isso foi chamada de capitalista), mas é verdade também que a maioria das grandes empresas iam contra a formação de um governo. A principal fonte de financiamento vinha dos próprios membros do partido.

Pulando para o aspecto econômico, uma boa fonte de referência para desmitificar e desmentir que o nazifascismo era pró capitalista é o economista Peter Temin. Ele nos mostra, no seu estudo chamado “planos econômicos nazi e soviéticos dos anos 30”, quão parecido eram os regimes nazista e soviético.

O economista mostra que eles criaram o mesmo tipo de serviço burocrático especializado para administrar seus planos econômicos (plano quinquenal soviético e o plano quadrienal nazista). Na Alemanha de Hitler, inclusive, não havia empresa privada ou iniciativa privada, e que na verdade havia um sistema de socialismo que só diferia do sistema russo na medida em ainda eram mantidas a terminologia e os rótulos de sistema de livre economia.

As empresas ¨privadas¨ tinham um proprietário que já não era um empresário; seu título era chamado de ¨gerente¨ de negócios (betriebsfuhrer).

O país inteiro era organizado em uma hierarquia de fuhrers; sendo o fuhrer supremo Hitler, e em seguida uma longa sucessão de fuhrers, em ordem decrescente, até o mais baixo escalão. Os trabalhadores tinham o mesmo nome de uma palavra na idade média, o SÉQUITO.

Séquito [1. Conjunto de pessoas que acompanha outra ou outras por dever oficial; acompanhamento, comitiva, cortejo. 2. Grupo de pessoa que seguem outra pessoa por obrigação ou pela própria vontade.]

E toda essa gente recebia ordem da instituição chamada REICHSFUHRERWIRTSCHAFTSMINISTERIUM (Ministério da Economia do Império) que era comandado pelo General Goering.

As ordens partiam desse corpo de ministros para todas as empresas: o que produzir, em que quantidade, onde comprar matéria-prima e quanto pagar por elas, para quem vender, por quanto vender. Os trabalhadores eram designados para fábricas e recebiam salários decretados pelo governo. O sistema econômico era regulado em todos os mínimos detalhes pelo governo.

Cooperar com o regime regulador ou ser expropriado não parece uma atitude muito capitalista.

5 — O Capitalismo cria distribuição de renda injusta

O capitalismo não faz distribuição de renda injusta. O que o capitalismo faz é recompensar as pessoas pelo que elas produzem, por um talento ou uma ideia criativa. Quem vai julgar o tamanho da sua recompensa não é o capitalismo, mas sim a sociedade.

Algum leitor pode estar lendo esse texto em um Iphone que foi criado por Steve Jobs. Será que é injusto o cofundador da Apple ter tanto dinheiro? É injusto que a sociedade tenha considerado que as ideias dele mereciam tamanha recompensa? Acho difícil (para não dizer impossível) que alguém tenha apontado uma arma na sua cabeça e te obrigado a comprar um Iphone. Qual a culpa do Steve Jobs tem por ter ofertado algo que a sociedade vê valor? Será que um deputado federal lá em Brasília (que nunca meteu um gol numa final da Champion’s League) merece receber o mesmo salário que o Neymar?

É muito simples: A pessoa fornece algo à sociedade e a sociedade dá dinheiro em troca, e esse dinheiro é proporcional ao valor que a sociedade atribui às coisas que essa pessoa oferece. Steve Jobs morreu com muito dinheiro na sua conta bancária, e milhões de pessoas estão com Iphones nos bolsos.

No capitalismo, os consumidores escolhem os ganhadores. As empresas não podem nunca colocar a sua vontade acima da vontade dos consumidores.

No capitalismo, pessoas ficam ricas porque estão resolvendo problemas da sociedade ou porque oferecem algo que a própria sociedade quer.

Referência:

TEMIN, P. Soviet and Nazi Economic Planning in the 1930s. The Economic History Review, v. 44, n. 4, p. 573, nov. 1991.

http://www.jstor.org/stable/2597802

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